Campeão pan-americano volta às competições e outros destaques da Taça Brasil Máster Loterias Caixa

Elenilson da Silva, medalha de ouro nos 10.000 m e de prata dos 5.000 m nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg-1999, no Canadá, foi uma das atrações deste domingo da Taça Brasil Máster Loterias Caixa de Atletismo, no Centro Nacional de Desenvolvimento do Atletismo, em Bragança Paulista (SP).

Elenilson da Silva (Carol Coelho/CBAt)

Após 21 anos sem competir, ele participou dos 800 m, 1.500 m e 5.000 m, representando a equipe da APE Ponta Porã, cidade vizinha Bela Vista, onde vive e nasceu, no Mato Grosso do Sul. “Estou feliz por voltar. Eu amo o atletismo e não pretendo parar tão cedo”, disse o atleta de 50 anos, que pretende disputar em março a Copa Mercosul na Argentina. “Vou fazer uma boa base para melhorar o condicionamento físico.”

Nos 21 anos afastado, Elenilson manteve uma rotina de treinamento tranquila, quatro vezes por semana, mas com outras atividades. Formado em massoterapia, ele abriu uma clínica e atende pessoas de toda a região de Bela Vista. “Muitos ficaram com sequela da COVID e precisam de muita atenção”, comentou o corredor, que foi seis vezes campeão brasileiro, campeão sul-americano, campeão pan-americano e terceiro no Mundial de Maratona em Revezamento de 1992, em Manaus (AM), ao lado de Tomix Alves da Costa, Ronaldo da Costa, Daniel Lopes Ferreira, Leonardo Vieira Guedes e Sérgio Gonçalves da Silva.

Em Bragança Paulista, ganhou as medalhas de bronze nos 800 m (2:26.89), nos 5.000 m (18:22.16) e nos 1.500 m (5:00.41) no 50+. “A minha preparação foi prejudicada porque em agosto fui atacado por três cachorros na minha cidade. Um rottweiler conseguiu pegar minha canela e fez um buraco. Tive de ficar mais de um mês sem treinar”, contou o atleta.

Conceição Geremias (Carol Coelho/CBAt)

Já Zilda Salvani Spoladore, uma novata no atletismo, venceu as provas dos 100 m (14.33) e dos 200 m (29.14) na categoria 50+. Esta foi apenas a terceira competição da atleta no Máster. Ela resolveu praticar esporte de tanto acompanhar a filha Lorena Spoladore em eventos. Aos 26 anos, Lorena é uma atleta paraolímpica, que tem duas medalhas nos Jogos do Rio-2016: prata no revezamento 4×100 m T11 e T13 e bronze no salto em distância (T11). Ela tem medalhas também em Mundial e treina com Katsuhico Nakaya no Núcleo de Alto Rendimento (NAR), em São Paulo. “Estou curtindo acompanhar a minha mãe”, disse a atleta, que nasceu em Maringá (PR) e começou no esporte em Goiânia (GO), onde foi tratar de um problema de visão, mas acabou ficando cega do olho direito.

“Desde os 10 anos, Lorena pratica atletismo. Então vivo há muito tempo no meio. No ano passado, decidi treinar em Goiânia. Competi no ano passado na I Taça Brasil e estou animada com os resultados”, comentou a atleta de 53 anos.

Conceição Geremias (Acecamp), atleta olímpica em Moscou-1980, Los Angeles-1984 e Seul-1988, conquistou neste domingo (6/11) a sua terceira medalha de ouro na categoria 65+. Depois de vencer o salto em altura e o arremesso do peso, ela ganhou o lançamento do dardo, com 24,09 m. “No ano que vem, sem a contusão no pé e com mais treinos, pretendo obter resultados melhores”, comentou a campeã do heptatlo dos Jogos Pan-Americanos de Caracas-1983.

Shirley Batista (Carol Coelho/CBAt)

Ex-atleta de 100 m e 80 m com barreiras, Shirley Baptista trabalha como árbitra há 40 anos. Neste domingo, aos 79 anos, ela voltou a competir e ganhou a categoria 75+ do lançamento do martelo, com 19,65 m. “Desde 1962, sempre me dediquei às provas de velocidade, só depois de veterana passei a fazer competições de campo”, disse Shirley, que teve de parar por minutos a sua atuação na arbitragem para fazer os lançamento.

José Odorico Rolim, 78 anos (Carol Coelho/CBAt)

O paulista José Odorico Rolim (ANASP), de 78 anos, deixou a competição com três medalhas de ouro na categoria 75+: martelo (29,98 m), martelete (11,84 m) e dardo (21,93).

Nadador desde os 14 anos, ele passou a fazer biatlo e triatlo. Em 1992, começou na marcha atlética, especialidade em que foi campeão brasileiro, sul-americano e mundial máster. Há 15 anos, ele sofreu três AVCs – num espaço curto de tempo – e foi orientado a não fazer mais provas de esforço contínuo. “Foi aí que optei pelos lançamentos. Adoro treinar e competir. Gosto muito de vencer e principalmente da confraternização entre os atletas”, comentou Rolim.

Japoneses e descendentes brilham na Taça Brasil Máster Loterias Caixa

Seijun Maedo
(Carol Coelho/CBAt)

Japoneses e seus descendentes foram atração na II Taça Brasil Máster Loteria Caixa de Atletismo, que terminou neste domingo (6/11), com a disputa dos 3.000 m marcha atlética, masculina e feminina, a partir das 16 horas, no Centro Nacional Loterias Caixa de Desenvolvimento do Atletismo, em Bragança Paulista (SP).

Seijun Maedo foi o atleta mais aplaudido pelo público no Estádio, que teve entrada gratuita para o público. Nascido no dia 13 de março de 1928, no Japão, o corredor de 94 anos continua na ativa. Se inscreveu na competição para correr os 800 m, os 5.000 m e os 1.500 m. “Estou muito feliz por poder competir”, disse Maedo, atleta da Agremiação dos Nikkeis de Atletismo de São Paulo (ANASP). “Agora treino apenas uma vez por semana em Guarulhos. A corrida faz muito bem para a minha saúde.”

Campeão da categoria 90+, com o tempo de 6:32.34 nos 800 m e de 47:17.56 nos 5.000 m, provas que correu no sábado (5/11), Maedo nasceu em Okinawa e deixou o Japão, juntamente com a família, em 1955. Inicialmente se instalou na Bolívia, mas em 1958 mudou-se para São Paulo. O veterano começou no atletismo aos 40 anos por causa de uma bronquite asmática. Desde então dedicou-se às provas dos 400 m, 800 m, 1.500 m e 5.000 m. “Acho que ganhei mais de 900 medalhas nesse tempo todo”, afirmou o ex-massagista aposentado no Instituto de Fisioterapia de São Paulo.

Kenho Ivamura (Carol Coelho/CBAt)

Nos 200 m, Kenho Ivamura, de 84 anos, venceu sua categoria, com 48.94. Nascido na cidade de Pompeia, no interior de São Paulo, ele mora em Centenário do Sul, no Paraná, onde tem uma criação de gado e plantação de cana de açúcar. “Treino sempre num campo de futebol na minha cidade, sempre pensando em ganhar mais medalhas e ter um bom convívio social no esporte”, disse o veterano, que se orgulha de ter conquistado a medalha de prata no Mundial Máster de Atletismo de 2013, na prova dos 400 m, em Porto Alegre (RS).

Pai de quatro filhos, um morando no Japão, o corredor diz fazer atletismo há 35 anos. “Gosto muito de competir. Faz bem para a saúde”, comentou o ex-proprietário de postos de combustível em São Paulo e no Paraná.

Sumiko Imoto no Peso (Carol Coelho/CBAt)

Outro destaque foi Sumiko Yamakawa Imoto, campeã do 80+ no lançamento do disco, com 21,22 m, no arremesso do peso (8,25 m) e no lançamento do martelo, com 24.30 m. Ela também com 84 anos treina no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, desde o fechamento da pista do Estádio Ícaro de Castro Mello. “Não consigo mais treinar lançamentos. Então faço trotes no Parque”, afirmou Sumiko nascida em Marília, no interior de São Paulo.

A atleta tem orgulho também de ter vencido a prova do disco no Campeonato Mundial Máster de 2018, em Málaga, na Espanha. “Eu já tinha 80 anos e gostaria de participar de outro Mundial. Agora penso em disputar no ano que vem o Sul-Americano na Bolívia”, disse Sumiko, que é orientada por Neilton Moura, treinador da seleção brasileira. “Já fui campeã brasileira adulta do disco, em 1961, quando era ainda jovenzinha.”

Neilton acompanhou o desempenho de sua atleta, fazendo comentários sobre sua técnica nos intervalos das tentativas. “Ela tem quatro filhos e todos fizeram atletismo. Agora, só a mãe continua”, comentou, sorrindo. “Temos mais japoneses e descendentes em competições de máster do que em qualquer outra categoria do esporte”, observou.

O chefe da divisão da juventude da Secretaria de Esportes da Prefeitura de Bragança Paulista, André Felipe Silva do Nascimento, esteve sábado no Centro Nacional Loterias Caixa de Desenvolvimento do Atletismo para acompanhar a competição e reunir-se com o diretor executivo da CBAt, Cláudio Castilho. “A intenção é formar uma parceria com a CBAt e fazermos ações para a prática do atletismo nas escolas. Vou marcar uma reunião com o Cláudio, com o secretário de Esportes e possivelmente o prefeito para dar início ao trabalho”, comentou Nascimento.

Renato Deodato disputa os 800 m e faz campanha para a doação de órgãos

O paulistano Renato Couto Deodato, de 57 anos, foi um dos destaques da etapa de abertura da II Taça Brasil Máster Loterias Caixa de Atletismo, que começou a ser disputada na manhã deste sábado (5/11), no Centro Nacional de Desenvolvimento do Atletismo, em Bragança Paulista (SP), com entrada gratuita para o público e transmissão ao vivo pelo YouTube da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).

Renato Deodato (Carol Coelho/CBAt)

Renato coleciona medalhas e segue uma rotina puxada de treinamentos, mais em nome de uma causa do que na busca por vitórias. Ele defende a Liga de Atleta Transplantados, que busca conscientizar as pessoas da importância da doação de órgãos.

Ex-funcionário de uma empresa química, ele desenvolveu um método particular de treinamento, após se recuperar dois transplantes de medula óssea – o primeiro em 1994 e o segundo em 1999. Em 1994, ele teve diagnóstico de leucemia mieloide crônica, um tipo raro de câncer no sangue. Após os transplantes virou corredor e nadador.

“Comecei no esporte porque me sentia bem após fazer uma caminhada, por exemplo. Conversei com os meus médicos e eles autorizaram a realização de exercícios físicos. Depois decidi encampanar a campanha de incentivo aos transplantes”, disse o corredor, que fez cirurgias no Hospital São Paulo, da Unifesp.

“Foram momentos muitos difíceis, após receber a notícia da doença e o seu reaparecimento. Nas duas vezes, o caçula de seis irmãos, Edson, foi o doador, era o único compatível”, contou. “Na primeira vez, eu fui o quarto paciente da fila de transplante. Você não tinha muitas referências. Eu me lembro que o primeiro transplantado tinha falecido. O segundo estava mal. O terceiro era uma menina que ainda não tinha resultados. Aí vinha eu”, disse Renato.

Na preparação para disputa a sétima São Silvestre da carreira, ele correu uma das séries dos 800 m, na categoria 55+. “Tive de ir devagar, porque meu forte é a corrida de rua”, comentou o atleta, que completou a distância em 3:37.47. “Tive de me segurar para não deixar de concluir a prova.”

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