
O dia em que o Brasil disputou 17 finais no Mundial de atletismo em Nova Déli, na Índia, terminou na manhã desta terça-feira, 30, com as medalhas de ouro do fluminense Ricardo Mendonça nos 200m T37 (paralisados cerebrais) e do sul-mato-grossense Yeltsin Jacques nos 1.500m T11 (deficiência visual). Em todo o dia, o Brasil conquistou 14 pódios, sendo três ouros, sete pratas, e quatro bronzes.
Com isso, o Brasil se manteve na ponta do quadro geral de medalhas e chegou a 27 pódios no total, mais do que o dobro da segunda colocada Polônia, que soma 12. São sete ouros, 14 pratas e seis bronzes dos brasileiros até agora em Nova Déli. Registrou ainda três dobradinhas em pódios.
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Dobradinhas nos 200m T37 e nos 1500m T11
O fluminense Ricardo Mendonça conquistou o primeiro ouro da manhã e o seu segundo ouro no Mundial de Nova Déli ao vencer a disputa dos 200m T37. Ele completou a prova em 22s77 e ficou à frente do compatriota Bartolomeu Chaves, do Maranhão, que fez 23s10 e obteve seu terceiro pódio na história da competição.
O russo Andrei Vdovin, que havia vencido o brasileiro Ricardo Mendonça na final dos 200m nos Jogos de Paris 2024, levou o bronze, com 23s31.
Foi o segundo ouro de Ricardo Mendonça na competição após o tricampeonato nos 100m. O paulista Christian Gabriel havia se classificado para a final da prova, mas sentiu uma lesão muscular após correr as eliminatórias e ficou fora da disputa por medalha.
“Foi incrível! Finalmente desengasguei do russo [Andrei Vdovin]. Desde Tóquio 2020, estou com ele aqui [aponta para a garganta]. Mas é dentro da pista. Fora, todos se tratam muito bem. Não gosto de animosidade. Isso aqui é a maior celebração de vida que a gente tem. E é maravilhoso fazer isso ao lado de atletas tão bons. A classe está cada vez mais forte. É cada vez mais difícil ganhar, mas o Brasil segue forte. O Passarinho [Bartolomeu Chaves] veio no pódio agora, estou muito feliz. Infelizmente, o Christian [Gabriel] sentiu uma lesão. Era para ele estar no pódio também”, analisou Ricardo Mendonça.
O terceiro ouro do dia na Índia (já que Claudiney Batista havia vencido mais cedo a prova do lançamento de disco F56) aconteceu na prova dos 1.500m T11, com o sul-mato-grossense Yeltsin Jacques vencendo a disputa em 4min02s02.
O paulista Júlio César Agripino, que era o atual campeão mundial da prova, chegou na segunda colocação, com o tempo de 4min05s61, e decretou a terceira dobradinha brasileira na competição.
“Falei antes da prova que seria a dobradinha do Brasil. [Ela estava engasgado] desde os 5.000m e desde Paris 2024. Teve um etiope para ganhar do Júlio nos 5.000m e um japonês para ganhar de mim nos 1.500m. Agora, conseguimos a dobradinha. Graças a Deus foi uma boa prova. […] Mostramos que estamos preparados para Los Angeles 2028”, afirmou Yeltsin, que também foi medalha de prata nos 5.000m T11 em Nova Déli.
Após terminar na segunda colocação nos 100m T13 (deficiência visual), a maranhense Rayane Soares também conquistou a medalha de prata nos 200m, com o tempo de 25s24, sendo superada pela irlandesa Orla Comerford, que fez 24s71.
Foi a oitava medalha de Rayane em Mundiais, a terceira nos 200m – havia sido ouro em Kobe 2024 e prata em Dubai 2019 na mesma disputa.
“[Eu saio das duas provas, 100m e 200m] Decepcionada. Todo mundo veio para o ouro. Todo mundo quer o pódio, não estou desmerecendo a minha conquista, a prata, mas todo mundo treina para o ouro. [Para voltar ao ouro], primeiro preciso cuidar de mim. Estou treinando bem, me dedicando. É muito difícil manter a alta performance depois dos Jogos Paralímpicos. É muito difícil continuar no foco, treinando. O corpo responde, pede ajuda. Não é só treino. Tem o psicológico, todo um trabalho por trás. Primeiramente, cuidar de mim, e cuidar do meu joelho, que está pedindo socorro. […]Eu estou com uma dor, uma inflamação no joelho, e irradia para outras partes”, lamentou Rayane.
O fluminense João Matos Cunha, atleta mais novo da delegação brasileira em Nova Déli, com 17 anos e 10 meses, conquistou sua segunda medalha de prata na competição ao chegar na segunda colocação dos 100m T72 (petra) – antes havia sido prata nos 400m.
João fez o tempo de 15s76 e ficou atrás somente do italiano Carlo Fabio Calcagni, que fez 14s80. Outro brasileiro envolvido na final, o paulista Vinicius Krieger terminou na quinta colocação, com 17s37.
Quatro bronzes e um recorde
O Brasil conquistou quatro bronzes nesta manhã de terça-feira, 30, na Índia. O primeiro foi do catarinense Edenilson Floriani, que conquistou o terceiro lugar no lançamento de dardo F44 (deficiência nos membros inferiores) e, de quebra, bateu o recorde mundial da sua classe (F42) por duas vezes na prova. Primeiro, atingiu 62,31m para depois finalizar em 62,36m na sua última tentativa.
A prova era agrupada com outras classes com atletas com deficiência menos severas. Com isso, o vencedor da prova foi o indiano Sandip Sanjay Sargar, com 62,82m. A medalha de prata ficou com o também indiano Sandeep, que fez 62,67m.
É a segunda medalha de Edenilson em Mundiais – havia sido bronze no arremesso de peso no Mundial Paris 2023.
“Hoje, quando eu entrei, eu pensei: ‘vou bater o recorde mundial e conquistar a medalha’. […] No último lançamento, quando eu já era medalhista, eu me dei conta. Era algo que eu buscava há muito tempo. […] Há pouco mais de um mês, um indiano bateu meu recorde mundial no lançamento de dardo. E eu tinha esse desafio de ganhar na casa dele, o que é melhor ainda”, celebrou Edenilson.
Já a paulista Giovanna Boscolo manteve a mesma posição que havia sido em Kobe 204 e ficou com a medalha de bronze no lançamento de club F32 (paralisados cerebrais), com a marca de 27,09m. A vencedora da prova foi a polonesa Roza Kozakowska, que fez 29,30m. Outra brasileira envolvida na final, a amapaense Wanna Brito terminou na oitava colocação, com 21,84m.
Em uma prova marcada por reiniciar duas vezes, o sul-mato-grossense Fabrício Ferreira conquistou a medalha de bronze nos 100m T13 (deficiência visual) com a marca de 11s00.
Ele foi superado pelo japonês Shuta Kawakami, com 10s91, e pelo australiano Chad Perris, com 10s96. É a terceira medalha de Fabrício em Mundiais – havia sido prata nos 100m no Mundial Paris 2023 e bronze nos 100m em Dubai 2019.
A paulista Verônica Hipólito cruzou a linha de chegada dos 100m T36 (paralisados cerebrais) na terceira colocação, com o tempo de 14s77. A vencedora da prova foi a neozelandesa Danielle Aitchison, que completou em 13s43. É a quarta medalha de Verônica em Mundiais. Ela também havia conquistado o bronze nos 100m em Kobe 2024.
Mais resultados de brasileiros
Outros brasileiros que disputaram finais nesta manhã de terça-feira, 30, a paranaense Edileusa dos Santos, outra estreante em Mundiais, terminou na sexta colocação dos 100m T72 (petra), com o tempo de 20s34, assim como o paulista Alessandro Silva, sexto colocado no arremesso de peso F11 (deficiência visual), com 12,02m.
O paraense Alan Fonteles completou a prova dos 100m T64 (amputados de membros inferiores com prótese) no quarto lugar, com 11s05, melhorando em um centésimo a sua melhor marca da temporada.
Ainda nesta manhã, a acreana Jerusa Geber, maior medalhista mundial da atual delegação brasileira, com 11 pódios, estreou no Mundial ao participar das eliminatórias dos 100m T11 (deficiência visual). Ela venceu a sua bateria com o tempo de 13s18 e avançou a final, que será às 11h40 (de Brasília) desta quarta-feira, 1º.
Patrocínio
As Loterias Caixa, a Caixa, a Braskem e a Asics são as patrocinadoras oficiais do atletismo.
Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Júlio Agripino, Jerusa Geber, Rayane Soares, Ricardo Mendonça, Yeltsin Jacques, Bartolomeu Chaves, Wanna Brito, Christian Gabriel, Edileusa dos Santos, Giovanna Boscolo, João Matos Cunha, Verônica Hipólito, Vinicius Krieger, Edenilson Floriani e Jean Oliveira integram o Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa e da Caixa que beneficia 148 atletas.
Time São Paulo
Os atletas Alan Fonteles, Alessandro Silva, Jerusa Geber, Bartolomeu Chaves, Christian Gabriel, Claudiney Batista, Beth Gomes, Fabrício Ferreira, Giovanna Boscolo, Henrique Caetano, Júlio Agripino, Rayane Soares e Verônica Hipólito, integram o Time São Paulo, parceria entre o CPB e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, que beneficia 154 atletas.