Brasileiro havia subido ao pódio no salto triplo, mas atletas quarto e quinto colocados apresentaram protesto alegando uso de sapatilha não aprovada; Brasil apelou mas WA negou e Almir perdeu a medalha
Almir Cunha dos Santos (Sogipa-SP) foi desclassificado da final do salto triplo do Mundial Indoor de Nanjing, realizada na madrugada da sexta-feira (21/3), na qual havia conquistado a medalha de bronze, por causa de uso de sapatilha que não estava na lista das aprovadas pela World Athletics.
O recurso ao resultado do brasileiro foi apresentado pelo quarto e quinto colocados na final. Assim que notificada, a delegação brasileira apresentou uma apelação, que não foi aceita. Almir, então, deixou o pódio. Hugues Fabrice Zango, de Burkina Faso, ficou com a medalha de bronze (17,15 m), e o jamaicano Jordan Scott assumiu a 4ª colocação (17,10 m).
As sapatilhas fazem parte de indumentária de uso livre dos atletas, que estão autorizados a utilizar material de patrocinador próprio – o que é o caso de Almir Júnior. O atleta alegou que não tinha a informação de seu patrocinador de que a sapatilha usada na final não era permitida, e de que o material havia sido checado pela organização do Mundial na câmara de chamada, ou seja, antes da entrada na pista para final.
Tanto os delegados da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) que acompanham a equipe na China divulgaram a lista de sapatilhas aprovadas para os brasileiros, assim como a World Athletics divulgou a listagem de calçados permitidos antes da realização do Mundial.
A prova no mundial 2025
Almir Cunha dos Santos (Sogipa-RS), mais conhecido como Almir Júnior, voltava a subir no pódio de um Mundial Indoor depois de sete anos. O mato-grossense de 31 anos conquistava a medalha de bronze no salto triplo do Mundial Indoor de Nanjing, na madrugada desta sexta-feira (21/3), com a marca de 17,22 m – o resultado era índice para o Mundial de Tóquio, em setembro. Antes da prova de ontem, o saltador havia sido vice-campeão mundial em pista coberta em Birmingham (Inglaterra), em 2018.
O brasileiro fez uma prova bastante consistente, com três de seus cinco saltos válidos acima dos 17 metros. Almir também teve de enfrentar a pressão de brigar pela medalha, tentativa a tentativa, com o chinês Yaming Zhu, vice-campeão olímpico em Tóquio-2020. Elton Petronilho (Pinheiros-SP) terminou na 12ª colocação, com 16,28 m.
A medalha em Nanjing coroava uma importante mudança empreendida por Almir Júnior. Em 2022, ele deixou o Brasil para treinar em Portugal com o técnico José Uva. Além disso, o brasileiro mudou sua técnica de salto, invertendo a ordem das pernas – de direita, direita e esquerda para esquerda, esquerda, direita. “É como se eu escrevesse com a mão direita e começasse a escrever com a mão esquerda”, comparou o saltador.
Em 2024, nos Jogos Olímpicos de Paris, Almir recolocou o Brasil em uma final do salto triplo após 12 anos. Com um salto de 17,06 m (0.6) na qualificação, encerrou a decisão no 11º lugar, com 16,41 m (-0.7).
Almir Júnior nasceu em Matupá (MT), mas cresceu na cidade de Peixoto de Azevedo. Sempre praticou esportes, na infância e na adolescência. Tantas atividades chamaram a atenção de seus professores, que o levaram para o atletismo. Após testar várias provas, optou pelo salto em altura. Seu talento foi notado e, em pouco tempo, mudou-se para Porto Alegre, a convite do técnico José Haroldo Loureiro, o Arataca.
Em 2017, mudou de prova: foi para o salto triplo. Com menos de um ano na prova, conquistou a medalha de prata no Mundial Indoor de Birmingham, em 3 de março de 2018, com a marca de 17,41 m. O melhor resultado da carreira de Almir Júnior foi conquistado no mesmo ano: saltou 17,53 m em Guadalupe, território francês no Caribe.
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