Nova Déli 2025: Brasil dispara na liderança com mais 4 ouros e 2 recordes mundiais

Wanna Brito celebra recorde mundial no arremesso de peso | Foto: Cris Mattos/CPB

O Brasil disparou na liderança do quadro geral de medalhas do Mundial de atletismo em Nova Déli, na Índia, com mais dois ouros e dois recordes mundiais, ao fim desta quinta-feira, 2, o dia mais dourado da delegação na competição até o momento. A amapaense Wanna Brito, no arremesso de peso F32 (paralisados cerebrais), e a piauiense Antônia Keyla, nos 1.500m T20 (deficiência intelectual), subiram ao lugar mais alto do pódio, estabelecendo as novas melhores marcas em suas provas.

No período, o país ainda obteve mais duas pratas: os paulistas Thiago Paulino conquistou a prata no lançamento de disco F57 (que competem sentados) e Thomaz Ruan, nos 400m T47 (deficiência nos membros superiores). Mais cedo, os brasileiros haviam levado dois ouros nos 400m com Bartolomeu Chaves (T37) e Maria Clara Augusto (T47).

Com isso, o Brasil permaneceu na liderança do quadro geral de medalhas, com 12 ouros, 17 pratas e sete bronzes – 36 pódios no total. Agora, são quatro ouros a mais do que os chineses, que estão em segundo lugar, com oito ouros, 10 pratas e nove bronzes, sendo 27 no total. A Polônia é a terceira colocada, com sete ouros e 14 medalhas ao todo.

Recorde atrás de recorde pelo título mundial

Wanna Brito manteve o título mundial ao cravar o novo recorde mundial da disputa. Ela chegou a bater a melhor marca do mundo por duas vezes na prova. Primeiro, fez 8,43m. Depois, atingiu 8,49m e superou os 8,18m que era da própria atleta, feitos em abril deste ano, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.

A ucraniana Anastasia Moskalenko ficou com a prata, com 8,07m, e Evgeniia Galaktionova, de país neutro, levou o bronze, com 7,58m. A paulista Giovanna Boscolo também disputou a mesma final e acabou na sexta colocação, com 5,63m.

“Estou muito feliz. Dei meu máximo, meu braço está doendo até agora. […] Quando eu perdi nos clubs, eu fiquei meio triste, mas ainda tinha o peso, e eu sabia que ia dar certo. E deu certo. Hoje foi meu dia. Eu senti que ia dar bom. O club é uma prova mais de extremos. No peso, eu consigo fazer melhor, é um movimento mais fechado, menos instável. O recorde de 8,18m eu sabia que dava para fazer. A distância que eu alcancei hoje, eu nunca tinha feito. Foi a primeira vez. 8,49m eu nunca tinha feito. Estou muito feliz”, disse Wanna, que conquistou sua terceira medalha em mundiais.

Quebra de hegemonia com melhor marca do mundo

A piauiense Antônia Keyla conquistou pela primeira vez a medalha de ouro na prova dos 1.500m T20 (deficiência intelectual). Com o tempo de 4min19s22, ela ainda cravou o novo recorde mundial da disputa, superando o anterior que era de 4min23s37.
A polonesa Barbara Bieganowska-Zajac, detentora da atinga marca mundial e multicampeã do mundo, terminou na segunda colocação, com 4min29s60. A australiana Annabelle Colman ficou com o bronze, com 4min35s56.

“Eu trabalhei muito. Não foi um ciclo, foi a vida toda. Correr é o meu dom, é o que eu sei fazer. Eu estou tão feliz e grata. Eu entrei na prova e pensei em como esse dia é único e não volta. […] Eu cheguei lesionada em Paris 2024, em Kobe 2024. Fiquei para baixo, mas tinha que fazer o que eu sei de melhor, que é correr. […] Eu trago esse chapéu porque fui criada nessa fazenda, onde meu pai era vaqueiro. […] Foram muitas dificuldades para chegar até aqui. A corrida não é nada diante do que já passei. […] Estava cansada de ser segunda, terceira, e agora eu sou campeã do mundo e recordista mundial”, disse a fundista brasileira, que até então, havia sido prata nos 1.500m em Kobe 2024 e prata nos 1.500m em Paris 2023.

Pratas com Thiago Paulino e Thomaz Ruan

Já Thiago Paulino levou a prata no lançamento de disco F57 (que competem sentados), com a marca de 45,69m. O vencedor da disputa foi o libanês Mahmoud Rajab, com 46,73m. O indiano Atul Kaushik completou o pódio, com 45,61m.

O atleta de Orlândia (SP) havia sido campeão na prova em Londres 2017 e ainda é o atual recordista mundial da prova, com 48,55m.

Foi a sexta medalha de Thiago em Mundiais – em Nova Déli, ele ainda compete pelo arremesso de peso, disputa na qual ele é bicampeão mundial (Dubai 2019 e Londres 2017). A final será no sábado, 4.

Entre as provas de pista, o paulista Thomaz Ruan conquistou a medalha de prata na final dos 400m T47 (defiiência nos membros superiores). Ele fez seu melhor tempo na temporada – 47s90 – e chegou atrás somente do marroquino Aymane Haddaoui, que fez 47s14. O sul-africano Collen Mahlalela completou o pódio, com 48s04.

Essa foi a segunda prova de Thomaz em Nova Déli. Ele foi quarto lugar nos 100m. É a primeira vez que o velocista compete duas provas em uma única edição de Mundial. É a segunda medalha de Thomaz na história da competição. A primeira também foi a prata nos 400m no Mundial Dubai 2019.

“É minha prova favorita. Sabia que seria dura. A semifinal foi boa, achei que os adversários tinham gastado tudo, então eu estava forte na raia nove. Ali, a gente não vê os adversários, é como correr sozinho. E eu senti que estava sozinho até os 300m, deu para guardar um gás para o final e acelerar. Estou muito feliz com o resultado, com o Mundial”, analisou Thomaz Ruan.

Mais participações brasileiras

Outro brasileiro envolvido em finais nesta manhã, o pernambucano Romildo Santos terminou na quarta colocação do salto em distância T44 (deficiência nos membros inferiores sem a utilização de prótese), com a marca de 6,42m. O vencedor da prova foi o italiano Marco Cicchetti, que saltou em 6,98m.

Pelas eliminatórias dos 100m T12 (deficiência visual), apenas uma das três velocistas do Brasil avançaram às semifinais da prova. A capixaba Lorraine Aguiar fez 12s29 e cravou o sexto melhor tempo entre as classificadas. A potiguar Clara Daniele, devido a forte chuva no momento da prova, teve um problema com a guia (pequena corda que a une ao atleta-guia) e não terminou a disputa, sendo desclassificada.

Já a baiana Daniele dos Santos sentiu uma lesão nos últimos metros da disputa e acabou sendo desclassificada da disputa.

Patrocínio
As Loterias Caixa, a Caixa, a Braskem e a Asics são as patrocinadoras oficiais do atletismo.

Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Romildo Pereira Santos, Giovanna Boscolo, Wanna Brito, Thiago Paulino, Clara Daniele Silva, Lorraine Aguiar, Thomaz Ruan e Antônia Keyla Barros integram o Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa e da Caixa que beneficia 148 atletas.

Time São Paulo
Os atletas Giovanna Boscolo, Thiago Paulino e Antônia Keyla Barros integram o Time São Paulo, parceria entre o CPB e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, que beneficia 154 atletas.