Aos 47 anos, um dos melhores fundistas do Brasil relembra a emoção de vencer a prova em casa com o público gritando alto seu nome: “A São Silvestre é uma prova diferente, a mais que eu corri em toda a minha carreira, em todo lugar do mundo”
Um dos maiores nomes das provas de fundo do atletismo brasileiro, o atleta olímpico Marílson Gomes dos Santos – disputou a maratona em três edições de Jogos Olímpicos -, sempre é reverenciado por suas performances, ainda mais quando as corridas de rua ganham evidência no calendário, especialmente a Corrida Internacional de São Silvestre.
Em sua 99ª edição, a prova reunirá fundistas de todo o mundo no dia 31 de dezembro, por ruas e avenidas de São Paulo, num percurso de 15 km, que larga e chega na Avenida Paulista, com transmissão das TVs Globo e Gazeta, a partir das 7:30.
Marílson Gomes dos Santos, nascido em Ceilândia (Distrito Federal), em 6 de agosto de 1977, teve uma trajetória profissional incrível. Treinado por Adauto Domingues, no SESI, de Santo André, e depois na BM&FBovespa, em São Caetano do Sul, fez carreira em pista – com talento, disciplina e obstinação – e depois uma transição de grande sucesso para as corridas de rua.
Marilson foi bicampeão da Maratona de Nova York (2006 e 2008), uma das mais tradicionais do mundo, e é o único brasileiro tricampeão da Corrida Internacional de São Silvestre (2003, 2005 e 2010). Foi top 8 na maratona (5º colocado) nos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
“Cada vitória na São Silvestre teve uma emoção diferente. Eu tinha sido vice em 2022 e queria vencer. Tirei um peso das costas, um peso que era meu. A vontade de ser campeão era grande e fiquei muito feliz”, comenta Marílson. “Vencer a primeira vez foi a mais emocionante”, acrescenta. “Subir a Brigadeiro Luiz Antonio, num pelotão de cinco, seis atletas disputando o título e a torcida gritando muito o seu nome… A São Silvestre era muito diferente de tudo o que eu já tinha corrido no mundo. O povo gritando, a gente ia até a exaustão, até onde tinha força.”
Na segunda participação o desafio de Marílson era o favoritismo e saber que poderia igualar o feito de fundistas talentosos como José João da Silva, bicampeão (1980 e 1985). “A gente pega o histórico da São Silvestre e verifica que não é fácil ganhar duas vezes. Eu fiquei feliz da vida por ter vencido uma segunda vez.”
E a pressão subiu muito para Marílson na prova de 2010. “A pressão era impressionante, enorme, todo mundo assistindo, na tevê e nas ruas. Mas fiz a lição de casa, me preparei muito.”
Marílson afirma que a São Silvestre é uma corrida difícil, mas que o treinador Adauto Domingues, inteligente, sempre soube planejar bem e prepará-lo física e mentalmente para vencer. “Para um africano ou queniano é mais uma corrida, mas não para um brasileiro não. Aí tem o lado da pressão”, observou. “E tem de saber correr. Desce muito no início, é rápida, tem de saber se colocar no pelotão e o final – a subida da Brigadeiro – exige força. Sempre me preparei física e mentalmente, tudo muito bem planejado.”
Nas pistas, dominou o pódio do Troféu Brasil nos 5.000 m e 10.000 m por uma década. Ainda hoje é o recordista sul-americano dos 10.000 m (27.28.12).
Foi o último brasileiro campeão da São Silvestre em 2010, quando sua mulher Juliana Gomes dos Santos, bicampeã pan-americana nos 1.500 m (Rio 2007) e 5.000 m (Toronto 2015), estava grávida de sete meses de Miguel – hoje com 13 anos – foi campeão estadual dos 800 m na categoria sub-13. “Mas ainda só está conhecendo o atletismo, pegando gosto pelas coisas. Estamos apresentando a modalidade para ele decidir se quer treinar”, afirma Marílson.
Destaques – medalhas, títulos e marcas
Correu a maratona olímpica em Pequim 2008, Londres 2022 e Rio 2016
Top 8 nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 (5º) – maratona – 2:11.10 (12/8/2012)
Ouro nos 10.000 m – Pan-Americano de Guadalajara 2011 – 29.00.64 (27/10/2011)
Prata nos 10.000 m – Pan-Americano do Rio 2007 – 28.09.30 (27/7/2007)
Prata nos 10.000 m – Pan-Americano de Santo Domingo 2003 – 28.49.48 (7/8/2003)
Bronze nos 5.000 m – Pan-Americano do Rio 2007 – 13.30.68 (23/7/2007)
Bronze nos 5.000 m – Pan-Americano de Santo Domingo – 13.56.90 (5/8/2003)
1º Maratona de Nova York – 2:08.43 (2/11/2008)
1º Maratona de Nova York – 2:09.58 (5/11/2006)
4º Maratona de Londres – 2:06.34 (17/4/2011) – melhor marca pessoal
7º Mundial de Meia Maratona Udine (ITA) – meia maratona – 59.33 (14/10/2007) – melhor marca pessoal, recorde sul-americano
10.000 m – recorde sul-americano em Neerpelt (BEL) – 27.28.12 (2/6/2007)
5.000 m – recorde brasileiro em Kassel (ALE) – 13.19.43 (8/6/2006)
Campeão sul-americano – meia maratona – 1:02.13 (11/9/2011)
10 Milhas – recorde brasileiro – 47.35 em Vitória-ES (27/8/2000)
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