Paris 2024: como serão os testes antidopagem

Nos Jogos de Paris 2024, cerca de 4000 atletas serão controlados.

A WADA – Agência Mundial Antidopagem e as autoridades francesas efetuarão frequentemente em testes de controle de dopagem aos atletas para não comprometer a competição. Recentemente a Wada foi criticada pela forma como tratou um caso dos nadadores chineses que testaram positivo, mas não foram punidos antes das Olimpíadas de Tóquio-2020.

Na França, a previsão é de mais de algumas centenas de oficiais de controle de dopagem, que informarão os atletas sobre os seus testes e realizarão os testes.

Serão coletadas amostras de cerca de 4000 atletas em todas as arenas onde se realizam as competições, e na vila olímpica.

Estas amostras serão primeiro enviadas para o “Laboratoire antidopage Français”, o único laboratório em França acreditado pela Agência Mundial Antidopagem. 

Está igualmente prevista a instalação de um laboratório antidopagem temporário em Paris para responder ao aumento do volume de análises.

Como decidir os testes?

Os testes são baseados em vários critérios: no acompanhamento contínuo nas competições, dos passaportes biológicos (que mostram a evolução dos marcadores biológicos de um atleta) ou de denunciantes. Algumas modalidades, como o levantamento de peso, por exemplo, estão sujeitas a um acompanhamento especial. Também é considerado um caso de risco quando um atleta consegue uma melhoria espetacular em seu desempenho ou quando a corrupção é considerada um problema no país em questão. Aqueles que subirem ao pódio ou quebrarem recordes serão sistematicamente submetidos a testes.

As Phryges Olímpica e Paralímpica visitam estande da WADA

Equipe

Mais de 300 agentes antidoping (DCO, Doping Control Officer), um terço deles franceses, coletarão amostras de urina e sangue e serão coordenados pela Agência Francesa de Luta Contra o Doping (AFLD, na sigla em francês). Os atletas também serão acompanhados por pessoas com funções de vigilância/acompanhamento durante o processo (800 no total, considerando os Jogos Paralímpicos), muitos voluntários. escolhidos pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos (COJO). O sistema de controle antidopagem são responsáveis pelo “recolhimento das amostras” e por toda a logística até a chegada aos laboratórios que farão as analises, como explicou à AFP David Herbert, chefe da luta antidoping do COJO. No total, foram instaladas cerca de 50 estações de controle nas instalações olímpicas, incluindo as temporárias, bem como na Vila Olímpica. O COJO também deve administrar o transporte das amostras para o laboratório de Orsay, que será feito em um veículo terrestre pelas rotas olímpicas e de avião a partir do Taiti, no caso dos surfistas. Atletas que não estejam hospedados na Vila Olímpica, como os jogadores de basquete americanos, por exemplo, deverão informar sua localização para que um agente antidoping possa eventualmente bater na porta de seu hotel ou local de treinamento.

Brasileiros na equipe

Seis oficiais de Controle de Dopagem da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) foram selecionados para as Olimpíadas de Paris 2024. A seleção envolveu diversas etapas, como análise de currículo, conclusão com êxito no Treinamento para Oficiais oferecido pela Internacional Testing Agency (ITA), comprovação de conhecimentos técnicos, éticos, de gerenciamento de situações inesperadas e de proficiência em inglês.

Os oficiais selecionados são Andrea Kao, Ana Carolina Covas, Danilo Machado, Maria Fernanda Carraca, Phelipe Macedo e Rafael Pinski. Dentre a competências para exercer a função, estão a promoção do esporte de forma justa, limpa, em condição de igualdade entre os competidores, além de zelar pelo sigilo e pela proteção à privacidade, desde a ciência da missão de controle de dopagem, sendo vedada a publicidade de qualquer informação que comprometa a lisura do processo, mesmo após o seu encerramento.

O coordenador geral de operações, Anthony Moreira, que também fará parte do grupo que representará o Brasil e a ABCD, falou sobre a honra de representar o Brasil com compromisso e liderança, fundamentais para o esporte limpo em nosso país. “Esta seleção não apenas reflete a excelência da equipe da ABCD, mas também evidencia o comprometimento com a ética e a integridade no esporte. Estou determinado a desempenhar meu papel com responsabilidade e orgulho, representando não apenas a ABCD, mas toda a nação brasileira, na promoção de um ambiente esportivo justo e ético em Paris. Esta oportunidade é um testemunho do nosso contínuo trabalho em prol do jogo limpo e estou ansioso para contribuir positivamente para este evento histórico”, completou.

Onde serão analisadas as amostras?

As amostras serão analisadas no laboratório de Orsay, uma nova instalação no campus universitário de Saclay, em meio a um processo que pode levar várias horas. Como novidade, conforme a lei olímpica de 2023 e para se adequar aos padrões mundiais antidoping, será possível realizar testes genéticos. A Agência Mundial Antidoping estará presente por meio de um programa de observação que fornecerá comentários diários. Desde abril, a WADA está sob ataque, após a divulgação de que 23 nadadores chineses testaram positivo no passado e não foram penalizados. Em caso de processo, a Corte Arbitral do Esporte (CAS) terá dois escritórios temporários em Paris durante os Jogos Olímpicos.

A Agência Internacional Antidopagem vai também dará informação aos atletas sobre os alimentos que podem ingerir e os medicamentos que podem tomar durante suas atividades.